Poríferos e Cnidários - Qual a sua importância?
Atualizado: 7 de mar. de 2022
Você conhece os animais do Filo Porifera - as esponjas do mar?
Então… a maioria das mais de 8.600 espécies é marinha, umas poucas habitam águas salobras, e cerca de 150 espécies vivem na água doce. Aquelas marinhas são abundantes em todos os mares, em todas as profundidades. Variam em tamanho, desde alguns milímetros até metros de diâmetro, podendo chegar a impressionantes 2.300 anos de idade! Toda sua fisiologia (nutrição, respiração, excreção e reprodução) depende do sistema aquífero e por conta disso os indivíduos são capazes de filtrar até 24.000 litros de água/kg a cada dia! Você consegue imaginar isso? Essa característica também faz desses animais bioindicadores ambientais. Muitas espécies são coloridas devido à presença de pigmentos em suas células dérmicas, assim como a presença de microrganismos em seu corpo… como assim, hein?
Diversos animais (caranguejos, nudibrânquios, ácaros, briozoários e peixes) vivem como comensais ou parasitas dentro das esponjas ou sobre elas, estabelecendo relações ecológicas importantíssimas - as esponjas são os hotéis marinhos. Esponjas maiores tendem a abrigar uma grande variedade de invertebrados comensais. Esponjas também crescem sobre muitos outros animais vivos, como moluscos, cracas, corais ou hidróides. Alguns caranguejos prendem pedaços de esponja sobre suas carapaças para camuflagem e proteção contra predadores, enquanto transportam esses animais para outros locais que poderão ser colonizados por esses poríferos. É como se a esponja estivesse usando um Uber! Alguns peixes de recifes comem esponjas de águas rasas e elas são uma parte importante na dieta das tartarugas-de-pente, estrelas-do-mar, moluscos e crustáceos. Começou a perceber a importância dos poríferos?

Algumas espécies têm sido utilizadas como esponjas de banho pela humanidade desde a Antiguidade (Spongia e Hippospongia). Outras, assim como os microrganismos que vivem dentro ou sobre elas (40% do volume de uma esponja é composto por esses seres microscópicos), produzem uma grande variedade de substâncias químicas bioativas. Um extrato de esponja marinha parece eficaz contra a leishmaniose, outro, mostrou-se promissor para o tratamento das infecções herpéticas. Ainda tem mais! A indústria farmacêutica tem estudado metabólitos de esponjas com efeitos antivirais, antibióticos, antiinflamatórios e antitumorais, que já foram transformados em medicamentos contra o câncer, a AIDS e infecções virais e bacterianas - por exemplo, Staphylococcus aureus e Escherichia coli. Estes e outros resultados têm aumentado o interesse no cultivo de esponjas como uma fonte valiosa de produtos farmacêuticos. Essa você não sabia, não é mesmo? E tem mais…

As esponjas hospedam microalgas e cianobactérias na superfície, internamente e até profundamente em seu corpo. A presença de organismos fotossintéticos dentro da esponja levou alguns cientistas a propor que as espículas seriam capazes de transmitir luz dentro do corpo e hoje já se sabe que a fibra óptica das espículas silicosas é real! Isso tem despertado o interesse dos cientistas e engenheiros de materiais sobre a maquinaria enzimática necessária para formar as nanopartículas de sílica e fundi-las em espículas dentro ou fora das células da esponja. Já imaginou sua internet de fibra óptica à base de poríferos?
Já os Cnidários, apresentam cerca de 13.400 espécies. São organismos aquáticos, sendo sua maioria marinhos.
Os Antozoários corais são organismos bioconstrutores. Eles constroem os recifes de corais - que se estendem por cerca de 3.000 km ao longo da costa nordestina, do Maranhão – MA, ao sul da Bahia – BA, dispostos linearmente e paralelos à linha de costa, segundo o Ministérios do Meio Ambiente (não são todas as espécies de corais que participam dessa construção). Esses recifes de corais são estruturas rígidas, rochosas, que resistem às correntes marinhas e à ação das ondas, sendo formada por animais de esqueleto calcário (principalmente corais) e algas marinhas. Esse ambiente é favorável ao desenvolvimento de um ecossistema bioindicador e berçário para diversas espécies de organismos aquáticos - ou seja, é um local onde os peixes e muitos outros organismos se encontram para reproduzirem!!! A maioria das espécies que formam corais é típica das águas brasileiras.

Os recifes de coral são ecossistemas tropicais complexos e diversos organismos participam de sua edificação, principalmente corais, hidrocorais, moluscos gastrópodes vermetídeos e algas calcárias… devemos incluir na sua definição aspectos ecológicos, sociais e econômicos, fazendo deles imprescindíveis tanto para a natureza quanto para o homem. Neste sentido, sua importância pode ser classificada em cinco grandes grupos de interesse: biodiversidade, alimento, medicina, lazer e proteção costeira. Agora me diz se tu imaginava isso tudo desses animais que mal aparecem na televisão?
Várias atividades econômicas também são desempenhadas nos recifes de corais, dentre as quais a coleta de crustáceos e moluscos, a pesca artesanal e a remoção de calcário para fabricação de cal e outros usos. Entre as atividades mais ligadas ao turismo, podemos citar a retirada ilegal de organismos para venda como souvenires, a visitação turística por meio de catamarãs e outras embarcações, a prática de mergulho e o lazer de forma geral - vai dizer que você nunca sentiu vontade de mergulhar nas piscinas naturais em Porto de Galinhas?
Paulista possui uma faixa litorânea com 14 km de extensão, onde encontramos um mar de águas mornas e azuis, uma vasta área de coqueirais e casas rústicas, colônias de pescadores, hotéis, bares e restaurantes, ao longo de suas praias. Desse total, 3 km são de recifes de corais, formando piscinas naturais ao longo da costa, sendo explorada pela indústria turística - passeios de lancha, barcos e caiaques.
A indústria do turismo é uma das que mais cresce globalmente, e a beleza dos recifes de corais é um grande atrativo turístico e
m várias partes do mundo - e em Paulista não é diferente.
Mais de 500 milhões de pessoas em todo o mundo dependem de recifes para seu sustento, segurança alimentar e proteção costeira [...] uma em cada quatro espécies marinhas vive nos recifes, incluindo 65% dos peixes”, aponta o Manual de Monitoramento REEF CHECK BRASIL de 2018.
A esse grupo inda podemos acrescentar as águas-vivas e caravelas - responsáveis por alguns encontros indesejados com seres humanos. Além disso atuam como controladores de população de organismos como peixes e pequenos crustáceos, servindo também de alimentação para outros organismos como as tartarugas - que colocam seus ovos na praia do Janga!
Você consegue perceber a importância desses animais para o ambiente? Para o ser humano? Espero que sim!
Leia mais em:
BRASIL. Ministério do Meio Ambiente. Manual de monitoramento Reef Check Brasil 2018. Disponível em <https://antigo.mma.gov.br/publicacoes/biodiversidade/category/53-biodiversidade-aquatica.html> último acesso em 01/10/2021.
BRUSCA, R. C.; MOORE, W.; SHUSTER, S. M. Invertebrados. 3ª ed. Rio de Janeiro, Guanabara-Koogan.
HICKMAN, C. P. JR.; ROBERTS, L.S.; KENN, S. L.; LARSON, A; I’ANSON, H. Princípios Integrados de Zoologia. 16ª ed. Rio de Janeiro, Guanabara Koogan, 2016.
KLAUTAU, M. Porifera. In: Fransozo, A; Negreiros-Fransozo ML. (Org.). Zoologia dos Invertebrados. 1ed.Rio de Janeiro. : Roca. 2016.v. 1, p. 168-200.